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sexta-feira, outubro 03, 2008

 

"Loneliness is such a drag"

As coisas que eu acredito ter em mente parecem bloqueadas por uma espécie de forma metafísica. Estive sentada longos minutos em frente a rua fumando um cigarro e olhando uma estrela solitária distante. A rua estava sem luz e eu notei os meus olhos se acostumando à escuridão e o meu leve temor de olhar para o lado e me descobrir acompanhada pelo bloqueador das minhas idéias. Olhei a folha em branco durante mais tempo que seria necessário nessa madrugada, muito mais tempo que eu passei olhando pra pouca luz que chegava aos meus olhos na rua, e nada parece fazer sentido. Eu tenho um objetivo, mas ele parece cada dia mais distante. Nada que eu escreva é bom o bastante e eu não consigo finalizar as idéias que eu inicio. Me sinto o ser mais egocêntrico da face da Terra, e, contraditoriamente, o mais sem amor-próprio. Preciso dormir, mas eu nem sei mais bem o porquê. São 3:39 e eu não sai do lugar, em aspecto nenhum, nos últimos quatro dias. Tenho praticamente dois meses pra saber tudo o que preciso e tentar mudar o rumo da minha vida no ano que vem. Se eu não conseguir isso, me vejo em um mar de possibilidades que, estranhamente, me limita, porque a responsabilidade de ajudar financeiramente dentro da minha casa (que, segundo minha mãe, não é minha, é dela, porque as contas não são pagas por mim) se torna imprescindível. Então minha opção com o conhecimento praticamente nulo que eu tenho se torna ser uma boa recepcionista, caixa ou atendente de telemarketing, e eu sei que essas coisas não vão me dar nenhum tipo de prazer, por mais que a minha mãe insista em dizer que qualquer trabalho é digno e válido. O problema, no caso, não é trabalhar em algo não tão prazeroso, e sim ficar presa a algo que eu não acredito por conta de pouco dinheiro e por preencher meu tempo de forma convencional. Tempo esse que possibilitaria aperfeiçoamento nas coisas que eu sei que posso fazer. Um emprego desses normalmente existe no centro da cidade, lugar para onde toda a periferia se desloca no início dos dias úteis, o que, pela péssima qualidade de transporte “público” nessa cidade, faz ser uma rotina extremamente exaustiva. Como aqueles desenhos infantis que mostram latas de sardinha como trólebus viajando pela cidade, abrindo como tal, enrolando o metal da tampa sobre si, e descompactando centenas de trabalhadores que vão sentar em seu cubículo e vão realizar para outrem coisas que eles nem sabem a real finalidade. Explicar para a minha mãe, por exemplo, que eu tenho uma finalidade, é um trabalho desgastante, incompreendido e malvisto. Em poucos minutos surgem os comentários como “essas idéias estranhas que você tem, Mariana” ou “por que você não se adapta como as outras pessoas fazem?” ou “Quero ver quando você estiver passando fome”. Começo a andar em círculos. E é frustrante, porque assistir a tantas pessoas fazendo as mesmas coisas e consumindo produtos e imagens de si mesma pra tentarem fingir que as coisas estão nos trilhos é desesperador. Sim, eu não sou elas, e, para grande satisfação delas, nenhuma delas sou eu, então estamos cada um em seu lugar, apenas com o diferencial de que uma parte do jogo tem mais conforto que a outra. Mas será que esse conforto é o bastante? Afinal, existe algum parâmetro que baste? Existe alguma parte sem ponto de vista para opinar? Eu não acho que seja neutra na história. É quase uma questão de certo e errado, e isso certamente não existe. "A realidade só exerce a sua pressão através das necessidades da vida cotidiana - comer e beber, morar, vestir, evitar engolir veneno, cair de janelas do último andar e coisas semelhantes. Entre a vida e a morte, e entre o prazer físico e a dor física, ainda há uma distinção, mas é só.” Isso é do 1984. E lendo isso eu consigo ver que a realidade na verdade é uma sala com paredes cheias de espinhos pontiagudos e imensos, que vão nos acuando no centro, até que você grite de desespero e tente se encaixar no buraco no chão, por mais que o buraco esteja repleto de ratos, afinal, você não sabe voar. O mal menor (ou maior?). Não sei. Acho que não dá pra saber. E, depois disso tudo, acho melhor ir dormir, mesmo.

posted by Mariana Waechter  # 4:26 AM
Comments:
eu costumo ouvir "o problema é que nem todo mundo pensa assim, minha filha" ou "as pessoas que precisam de verdade não tem tempo pra pensar nisso" entre outras coisas que me broxam.
 
Assista Brazil - o filme.
Acho que podemos aprender a voar......(:

Te adoro,
Carlito
 
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