Sabe, eu passei tempo demais pensando sobre coisas ruins hoje.
Por exemplo, em quanto tempo se perde a consciência e quais são os últimos pensamentos e sensações e emoções que se manifestam no corpo de uma pessoa que acaba de ser esmagada e cortada em algumas centenas de pedaços em um tipo de acidente de carro horrível. O que acontece a essa consciência logo depois e sobre como se sentem as pessoas mais próximas a alguém que morra. Não precisa nem ser desse jeito, mas morte, em geral, é o fato que eu denominei "coisa ruim". Fiquei pensando no porque de ser tão ruim, se é a única e inquestionável coisa na vida.
Hoje meu namorado me contou um pedacinho do Cavaleiro das Trevas, depois que eu olhei pro teto e falei da minha manhã olhando pro céu azul miserável: em Gotham, certo dia, uma mulher depois de ganhar uma gorjeta considerável no seu emprego sai e, ao invés de guardar o dinheiro a mais e comprar algo realmente necessário, e depois de pensar um pouco sobre isso, sorri e decide que vai gastar o dinheiro comprando um estojo de artes pro seu filho, porque o professor disse que ele tinha talento. Depois de sair da loja e pegar o metrô, acontece: uns homens assaltam algumas pessoas, arrancam dela sua bolsa (que contêm tudo o que ela comprou) e depois a jogam de volta, com uma coisinha a mais dentro... no outro dia a manchete no jornal era clara "Explode granada no metrô".
Sabe, o Frank Miller faz a gente se afeiçoar e depois destrói. Pior: não é culpa dele, nós nos afeiçoamos porque queremos (ou porque é inevitável) e as coisas terríveis continuam acontecendo e as manchetes sempre são diretas e rasas.
Mas, apesar do maior post do blog e da volta enorme dada, foi um dia de divagação a toa que eu resolvi escrever um pedaço. Existiu o dia em que a Tereza ou a Joana pensaram essas coisas, mas ninguém levou a público, e a maioria não leva a público, algumas coisas são pra sofrer na mesa de desenho, numa manhã de céu azul e angústia, mesmo.