A Dana estava me olhando com olhos grandes e assustados, miando de um jeito estranho e dolorido. De cortar o coração e dar medo. Ela levantou as patinhas pro ar e pediu pra que eu a seguisse, e eu fui. Tinha um corredor enorme, parecia o da minha casa, só que sem portas e cem vezes mais longo. Quando chegávamos no fim dele, uma porta surgia, e ela era branca e pequena, sem brilho e as suas frestas deixavam escapar um forte cheiro de mofo. Quando eu a abri com dificuldade, alguém me ajudou. Era um ser enorme, de pano, costurado em todos os cantos e soltando vermes pelos lados. O problema dele é que ele tinha olhos. Não eram comuns, eram olhos humanos, muito grandes e com a mesma expressão da Dana: misto de medo com ameaça. De um azul-acinzentado que aterrorizavam e seduziam.
Eu dei um passo pro chão negro e invisível, e acordei.