É como estar em uma sala quadrada escura e mal iluminada por um luz que não tem uma fonte visível e isso te deixa nervoso. Tem coisas bonitas do lado esquerdo da parede do cubículo e você quer conhecê-las e interagir com elas, porque elas são facilmente moldáveis e coloridas, além de aromatizadas artificialmente, mas você SABE que do lado direito tem coisas que você já conhece e que são macias e tem blocos que se encaixam com as peças que você tem no bolso, mas você quer fazer coisas que não encaixariam com essa harmonia em um terceiro lado da sala.
Tem portas pra todos os lados desse pequeno quarto e você tem que fazer coisas importantes em cada uma delas. Você tem que fazer todas, elas te chama e gritam, desesperadas, e você tem tempo de fazê-las mas é sempre mais interessante olhar pro teto do tal cubículo, que é especialmente infinito ao seu modo.

Deve ser isso que chamam de crise adolescente. E é um saco.

Desventuras de uma (péssima) bailarina.

Sabe, gente, na verdade ninguém sabe que eu passo tanta vergonha em um salão relativamente grande de collant quando me vê andando pela rua. Pelo menos não até eu tropeçar nos meus próprios pés e quase-cair, o que é muito pior do que cair, a gente fica com aquela cara de bunda porque a força da gravidade resolveu não cooperar e terminar o serviço e os nossos pés deram uma reviravolta incrível conseguindo dar um ou dois chutes no chão, fazendo a gente apoiar a mão no joelho e conseguir NÃO cair, contra a nossa vontade. Tudo bem que isso é melhor que uma testa ralada, mas temos que concordar que um quase-cair é patético do mesmo jeito.
Enfim...

Eu só não gosto quando demoram pra responder meus e-mails.

Meu, é sério, eu sentei na cadeira de rodinhas e ajeitei as apostilas, assim bem arrumadas, uma em cima da outra, coloquei o caderno em frente e abri o estojo, tirando um lápis e uma borracha e coloquei a apostila de matemática em cima de tudo, pra começar a ler.
Juro que de repente as letras começaram a dançar, subindo e descendo em cima da folha. As figuras angulosas se dobraram e começaram a virar alguns dos bichos mais adoráveis que existem, fazendo barulhos engraçados e as páginas foram ficando coloridas.
Daí eu olhei pro lado, a bolsa estava entreaberta e o livro do Trainspotting com aquela capa laranja-preto-e-branco estava me chamando com o som de pequenos tambores, como em Jumanji, sabe? E eu não resisti.
Trinta minutos e doze páginas depois eu fui tomar banho e aquela apostila psicodélica de matemática ficou lá, aberta, em cima da escrivaninha!

"Todos sabemos que magos e guerreiros não se dão muito bem, porque os primeiros acham que os outros são um monte de idiotas sanguinários que não conseguem andar e pensar ao mesmo tempo, ao passo que estes ficam naturalmente desconfiados de um grupo de homens que resmunga muito e usa saia longa. Ah, dizem os magos, se vamos partir para esse lado, então que tal todos os enfeites e músculos lubrificados na Associação Pagã de Moços? Ao que os heróis respondem: é um belo argumento vindo de um bando de fracotes que nem chega perto de mulher porque - dá pra acreditar? - o poder místico drena energia. Tudo bem, irritam-se os magos, já chega, vocês e suas bolsinhas de couro. Ah, é?, rebatem os heróis, por que vocês não vão..."

A Luz Fantástica, Terry Prachett.

E a Bagagem continua sendo meu personagem favorito. O segundo melhor, é claro, é Rincewind, torto e fracassado, mas com grande coração. (Sem falar em Duasflor que mostra toda a desenvoltura de um saco de batatas ao cavalgar empunhando uma espada mais ou menos como se segurasse um bule de café, mesmo que isso não tenha relação alguma)

Domingo. Dez e meia. Espreguiçar, rolar na cama, esperar um pouco. Pai sobe e abre as janelas, acende um incenso e põe uma música, enquanto as primeiras conversinhas do dia começam entre as pessoas sonolentas. Levantar, tomar banho. "O namorado da Ná chegou!". "Que saudade, Henrique!". Café, bolo, mormaço, a Dana passeando nas pernas dos outros, a Mel brincando com o All Star velho da Lê.
Essas coisas de dias com cara de que vai chover.

E seu domingo?

Uhum, o bicho feio foi feito no Paint, mesmo, e eu gostei dele, tá?
Isso aqui vai ficar uma bagunça por muito tempo, mas eu não tenho grandes pretensões, de qualquer maneira. Obrigada por passar por aqui nas tardes de sábado. :D

Será que você vai saber o quanto penso em você com o meu coração? :)

Eu preciso parar de fingir estar estudando enquanto corto minhas unhas do pé e leio "Chiclete com Banana" amarelada escondida debaixo da apostila de Geografia (comendo bolacha de leite e sujando tudo de farelo)!